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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Mt 2.19-23


Tudo indica que Herodes morreu meses depois da fuga do José para o Egito.

Arquelau, filho de Herodes assumiu o trono, e se revelou, em pouco tempo, mais cruel do que o seu pai. Arquelau optou por essa linha de conduta, para demonstrar que era filho legítimo de Herodes. Tanto fez, que Cesar Augusto, em pouco tempo, o depôs, substituindo-o por Pôncio Pilatos.

Como a volta de Jesus à terra de Israel, coincide com a constatação da maldade de Arquelau, o que deve ter levado algum tempo, desde a posse deste, é de se supor que tenham ficado no Egito, por cerca de um ano e meio.

Nesse texto há uma mudança de ritmo entre José e Deus. 

José, que, até então, estava caracterizado por uma obediência sem titubeio, tem medo de cumprir a orientação recebida de Deus.

O que houve?

Perdeu, José, a confiança absoluta que demonstrara nas orientações do Pai Nosso? Ou ganhou José uma nova característica, nesse relacionamento com o Pai Nosso e com o Filho?

Quando o Pai Nosso mandou José fugir, ficou claro que os dons, e a inteligência, que o próprio Pai, por sua graça, lhe havia dado, estavam a ser evocados... E José, que os havia usado em Belém, para, diante do inóspito, criar uma opção de conforto para Maria, passou a usá-los no cuidado do filho.

José compreendeu que o Senhor nos chama para uma obediência inteligente, onde o nosso clamor a Ele, sempre necessário, é atendido tanto pela direção precisa, quanto pela participação da gente, na solução da vida, a partir dos dons e talentos que Ele mesmo nos concedeu.

E a gente de servo passa a cooperador de Deus. O cooperador, mais do que saber o que quer o Pai, que ele faça, sabe o que Deus está a realizar; então, a partir dessa sabedoria, faz o que deve como deve, porque compreende o que está a ser feito por Deus.

Este movimento de José demonstra, também, que ele assumiu o filho, não só por adoção, mas, por paternidade.

Na Trindade encontramos os princípios da paternidade, da filidade e da maternidade.

Todos somos filhos ou filhas, logo, somos chamados a vivenciar o princípio da filidade, isto é, a crescer na graça e na sabedoria, diante de Deus e dos homens, e a aprender a confiar, a obedecer e a decidir, sem perder a criancitude, ou seja, sem perder a fé, a singeleza e a alegria de viver.

Claro, isso passa pela aplicação dos princípios da maternidade e da paternidade.

Aos seres humanos do sexo masculino, é dado a possibilidade de expressar o princípio da paternidade.

À paternidade cabe a provisão material e emocional; a proteção e a segurança na sociedade e na história; e a direção espiritual, ética e moral.

Nesse movimento José demonstra que assumira, plenamente, a paternidade. Quase dá para imaginar ele falando ao Pai: “Tenho medo de levar nosso filho para a Judéia, pois, pesquisei, e soube que Arquelau é pior que Herodes, peço-lhe que considere a possibilidade de levarmos o nosso filho para um lugar mais seguro.”

E o Pai Nosso concordou com José, e lhe enviou orientação para levar a criança para a aldeia de Nazaré. Este passo cumpre outra profecia, outra antecipação da história, por parte de Deus, esta, porém, não resulta de determinação pura e simples, mas, é fruto da parceria entre Deus Pai e o homem José, cooperador de Deus, portanto, resultado de construção.

Deus, por sua graça, permite que os seres humanos, alvos da história da redenção, que Ele, por definição, administra, sejam, nessa condução, dEle cooperadores