Saduceus e fariseus se aproximaram de Jesus, pedindo-lhe que
lhes mostrasse um sinal vindo do céu.
Por que quereriam um sinal? Estariam buscando a fé necessária
para proclamar Jesus, como o messias de Israel, ou seria só pseudointelectuais,
em busca de sustento para uma tese, sem nenhuma preocupação com a verdade ou
com o bem do ser humano?
Jesus disse que eles eram maus e infiéis. Gente assim não
quer crer, quer preponderar.
Eles até entendiam de tempo, mas, eram teólogos e
religiosos, cuja maldade e idolatria, os impedia de ver Deus nos tempos de sua
dispensação.
Jesus, porém, lhes ofereceu um sinal, o de Jonas, logo, um
sinal que até gente má e infiel poderia compreender, por exegese.
Jonas foi um profeta do Deus de Israel, que decidiu desobedecer
ao Deus, e dele fugir. E conseguiu!
Ele não poderia se esconder do Onisciente, mas fugiu para
não fazer a sua vontade. O Onipotente não sequestrou a vontade do profeta,
fazendo-o realizar a sua ordem, mas o perseguiu usando o mar.
Uma borrasca, tal, foi provocada, que o barco ia a pique. Os
marinheiros, reconheceram que aquilo estava para além do físico, e apelaram
para os seus deuses; que se mostraram impotentes para enfrentar o Deus que
estava a provocar o mar.
Jonas, entretanto, dormia; havia se recolhido à sua alma,
para não se deixar intimidar pelo seu Deus. Foi acordado por um marinheiro
indignado com a insensibilidade do profeta, e que o instou a invocar o Deus de
quem fugia.
Nesse ínterim, os navegantes decidiram lançar sortes, na esperança de que o inacessível se
revelasse no acaso; e o Onipresente revelou Jonas.
Jonas anunciou-lhes o Deus de seu povo, de tudo criador, e
que não poderia ser detido pelos pretensos deuses que invocaram. O profeta não
se apresentou, mas, comunicou que havia desafiado ao seu Deus e dele estava
fugindo.
Diante do mar, cada vez mais revolto, os homens pediram que
Jonas lhes orientassem sobre o que fazer a ele, para acalmar o seu Deus. E
Jonas disse: “Me joguem no mar!”
Os homens sabiam que isso seria o mesmo que matar o
insensato hebreu, e, percebendo que se o Deus quisesse que o seu servo fosse
morto, ele mesmo o faria, remaram mais, na tentativa de não provocar mais à ira
ao Deus tão poderoso, porém, tão desejoso de conquistar servo tão rebelde.
Tentavam alcançar a terra, mas o Deus não permitia, e eles
não tiveram escolha. Declararam, ao Deus, que não queriam matar o hebreu, mas
que Deus não lhes deixava opção, e, entendendo que esta era a vontade do Onipotente,
pediram-lhe que os poupasse de pagar por sangue, que, entendiam, o Deus estava
requerendo.
Deve ter sido um momento de extrema confusão, para além da
angústia, em si. Como o Deus que fizera tanto para chamar a atenção de um só,
queria, agora, que este, já desperto para Deus, fosse lançado à morte?
Temeram ao Deus dos hebreus, mas, não tinham como entender.
Não sabiam que o Deus dos hebreus sacrifica a si e não aos homens. E nem sabiam
a quantos o Deus salvaria, a partir desse gesto de resignação.
E nesse ambiente, marcado pela metafísica, o Criador providenciou
para que um peixe, após viagem de três dias, depositasse o profeta, que
engolira, em terra firme.
Jonas, que durante a viagem insólita, clamara ao Senhor, por
misericórdia, ao se ver em terra firme, soube: o Deus, único Senhor do
Universo, que se revelara aos hebreus, o amava.
E quando veio, segunda vez, a palavra do Deus ao profeta ele
obedeceu ao Senhor. E foi pregar ao povo de Nínive, que era inimigo de seu
povo, mas não de seu Deus.
E o sinal de Jonas, que Jesus deixou aos seus
interlocutores, fala de três perspectivas:
1-
a dos navegantes, que perceberam o metafisico, que
entenderam o amor do Deus por seu servo, e que, como Abraão, se submeteram ao incompreensível desejo de
Deus;
2-
a do profeta, que percebeu a necessidade do
sacrifício;
3-
a do Deus, que providenciou o que, a exemplo do
que acontecera com Isaque, no monte Moriá, pode, figuradamente, ser chamado de
ressurreição, de quem, doutra sorte, estaria morto. (Hb 11.19)
Jesus estava dizendo aos religiosos: estamos num tempo
metafísico; haverá um sacrifício: o meu; eu me deixarei sacrificar por amor ao
Pai, e, por amor a todos, o Pai o permitirá; e vocês me sacrificarão, mas,
diferente dos navegantes, que não o queriam, e de Abraão, que o fez por obediência,
vocês quererão me sacrificar, por maldade; o Pai, porém, me ressuscitará no
terceiro dia.
Os religiosos, porém, nunca compreenderam o sinal.... até
aos dias de hoje!