Ariovaldo Ramos
E tudo quanto fizerdes
por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai. Col 3.17
Ele trabalhava na prefeitura, o serviço era braçal, pesado
mesmo. Todos se admiravam de sua presteza e tranquilidade. E era um camarada
com quem se podia contar.
Havia algo curioso em relação a ele. No final do expediente,
ele não ia, imediatamente, para o caminhão. Os demais não esperavam a hora!
Cumprido o horário, limpavam as ferramentas, acomodavam-nas no lugar
determinado e, sem demora, subiam para o transporte.
Ele não! Apoiava o queixo no cabo da enxada e ficava a olhar
para a valeta que havia cavado. Era engraçado, porque o suor parecia não
combinar com aquele momento de contemplação.
Todos os respeitavam muito, sabiam de sua fé, ele era sempre pacificador, não se ouvia dele
nenhum gracejo desrespeitoso, embora ele fosse só alegria, não se perdia em murmurações, embora tivesse
um aguçado senso de justiça. Mas, tinha aquele momento.
Um dia, a curiosidade venceu! Os colegas, tão logo ele subiu
no caminhão, o interpelaram: - Escuta, a
gente não vê a hora de dar a hora, pra gente subir no caminhão... você, não! Tá
certo que não toma tanto tempo assim! Mas o que você fica pensando, olhando
para a valeta, com o queixo apoiado no cabo da enxada?
Calmo, e com o sorriso, que o caracterizava, ele
respondeu: - Eu não fico pensando, pura e simplesmente, eu fico falando com
Jesus.
E o que você fica falando com o Jesus? Insistiram os
colegas.
Eu falo assim para ele: - Senhor Jesus, o Senhor está vendo
essa valeta? Pode ter igual, mas, melhor não tem não. Porque eu fiz esse
trabalho para o Senhor, como um presente. É porque eu sei que se o Senhor não
tivesse abandonado a sua glória, a vida seria impossível, a minha, a de todos, e de tudo. Então, é minha
homenagem ao Senhor, e minha forma de agradecer ao Pai, por ter enviado o
Senhor. Amanhã, quando os meninos vierem passar os canos e virem que essa
valeta está perfeita, e disserem isso, toma isso como um elogio para o Senhor.
Porque eu sei de quem sou, a quem tudo devo, e a quem sirvo.
Tendo dito isto, ele voltou-se para os colegas e, estes, de
cabeça inclinada, continuaram em silêncio. Eles sabiam da qualidade de tudo o
que ele fazia, e já desconfiavam que só uma inspiração superior explicava tanto
empenho.