O Pai Nosso realiza,
nesse texto, duas promessas: o Filho, como messias, nasce de virgem, e
descendente de Davi (Lc1.32)
O Espírito Santo preparou as duas pessoas necessárias,
fazendo deles gente para quem a vontade do Pai Nosso fosse prioritária à tudo,
inclusive à reputação e segurança pessoal.
Esse trabalho sutil, respeitoso, paciente e eficaz do
Espírito Santo no coração do ser humano, que faz com que o tempo da colheita se
antecipe, contestando conhecimento adquirido por ciência (Jo 4.35), precisa ser
melhor observado. O Espírito Santo relativiza qualquer diagnóstico sobre o ser
humano.
O Espírito Santo fez um trabalho primoroso, gerou dois
servos, por excelência: Maria, cônscia
do nível de obediência que o Pai Nosso espera, José, cônscio do conceito divino
de justiça, pronto para poupar a mulher, que desposara, de qualquer custo de fosse
o que fosse que se lhe houvesse sucedido, recusando-se a expo-la publicamente.
Ainda que a lei o demandasse, ele preferiu o espírito da lei, que é o de
preservar o ser humano. O seu filho adotivo viria a falar desse espírito da lei,
de forma sublime: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem
por causa do sábado”(Mc 2.27)
Há, todavia, curiosidades em relação à decisão do Pai Nosso:
1.
Ele tinha a fidelidade sacrificial dessas
pessoas, por que não esperou que se casassem para evitar, por exemplo, a
aparência do mal?
2.
Sendo essas pessoas tão obedientes como
demonstraram, não seria problema pedir a José que não conhecesse a sua mulher, até
que se processasse o ato divino e nascesse a criança, por causa do projeto do
Eterno. José fez isso, aparentemente, por decisão própria, a partir da atuação
do Espírito Santo, nele.
3.
A dificuldade com a transmissão da verdade do
nascimento virginal, se manteria de qualquer maneira. E, ainda que o Pai Nosso
soubesse que contava com a pronta obediência de José, haveria menos comentário
desairoso a Maria.
O Pai Nosso age no kairós, que é a sua invasão no cronos, e
que acontece no tempo em que algo que tem de ser feito deve ser feito. E o kairós divino leva em conta se o ser
humano, que escolheu, está, minimamente, pronto, não se as circunstâncias
sociais são acolhedoras (2Pe 3.8,9).
A história do nascimento do Senhor Jesus fala que o Pai
Nosso recebeu, do Espírito Santo, parceiros de sacrifício, gente com quem Ele
pôde contar para fazer o que tinha de ser feito, na hora em que se tinha de
fazer.
Gente que não estava preocupada em ser protegida, mas, em
obedecer. Gente que não se preocupava em ser reconhecida ou honrada, mas, em
honrar. Gente que não se preocupava com a sua reputação, mas, com a glória do
Pai Nosso. Gente que não reagia ao medo, mas, à fé que atua por amor ao Pai Nosso
(Gl 5.6). Gente, para quem a Ética e a Moral estão ligadas ao cumprimento da
vontade do Pai Nosso e não aos conceitos humanos, por melhores que pareçam ser,
e sejam.