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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Escândalo de uma Civilização

Amós 9:7
Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes?- diz o SENHOR. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor, os filisteus, e de Quir, os siros?

Eduardo Galeano, em protesto contra o genocídio que Israel está levando a cabo na faixa de Gaza, escreveu que "o apetite  devorador de  Israel se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita."

Mas, aí é que está, a Bíblia não outorgou aos judeus o espaço que eles reivindicam em relação à palestina. O povo que voltou para a moderna Israel é o povo originário das tribos de Judá e de Benjamin, que ocupavam um espaço entre a terra dos palestinos, (que incluía Gaza, Asdode, Gerar e Gate), e o mar morto; de oeste para leste.

Vejamos o texto:

O profeta é Amós, a época era entre 760 e 755 AC.  O local era Israel, a nação do norte, ocupada pelas 10 tribos, e governada por Jeroboão II.

Amós estava profetizando o exílio e a destruição para Israel como castigo por sua injustiça e desobediência às leis de Deus. O profeta insistia que Deus iria punir Israel, e que esta nação, composta pelas 10 tribos, deixaria de existir para sempre,  o que aconteceu  por volta do ano 722 AC.

Argumentava o profeta, explicando a Israel, que, embora tivesse sido escolhida por Deus, não era diferente de outras nações, pois Deus lhe havia dito que, a exemplo do que fizera com Israel, fazendo-a subir da terra do Egito, também fizera com o arameus (siros), que ocuparam a região da Síria e com a Filistia. Que aos siros ele havia feito subir de Quir (provavelmente perto da margem norte do golfo pérsico), e aos filisteus havia feito subir desde Caftor (provavelmente a ilha de Creta).  Ademais, Deus, segundo o profeta, amava aos israelitas da mesma forma que amava aos etíopes, deixando claro que Deus não fazia acepção de povos e de nações.

Filistia é a palavra bíblica que designa a nação da Palestina. Filisteu, na Bíblia, é sinônimo para palestino. Portanto, biblicamente, o povo palestino está naquela terra por desígnio do mesmo Deus de quem o povo judeu se entende escolhido.

Dessa forma, a base bíblica, evocada por Israel, para possuir a terra, de fato, em relação ao povo palestino, não existe.

O que sobra? Geopolítica. Mais uma vez se manifesta a hegemonia de uma geopolitica gestada pelo capitalismo internacional, para o que os palestinos não contam, capitaneada pela nação líder, cujos objetivos nefastos norteiam suas práticas no Oriente Médio. Só isso explica a manutenção de um estado policial, em relação aos palestinos, e a perpetuação de uma política genocida.

E o ocidente, que se sustentou, por mais de um milênio, nos valores defendidos pelo livro judaico-cristão, que privilegia a justiça, a sacralidade da vida e a igualdade entre os seres humanos diante de Deus, e que convoca a todos para que os pobres sejam amparados, assiste, por escandalosa cumplicidade, a derrocada dos valores defendidos pelos formadores de sua civilização, perpetrado por aqueles que juraram honrar a Torah, a Lei de Deus.