Há quem diga que o ser humano é o que pensa.
Se o ser humano não é o que pensa, certamente, age do que
pensa, e pensa do que ouve.
Nessa fala, Jesus diz que é necessário tomar cuidado com o
que se ouve.
É curioso, mas, agimos muito mais pelo que ouvimos, do que
pelo que vemos ou constatamos. Talvez, porque ver exija sincronização, a pessoa
teria de estar, de alguma forma, no local, no momento do ocorrido; e constatar demande muito
trabalho.
A fé vem pelo ouvir, disse Paulo. A fé verdadeira vem de
ouvir da Palavra de Deus.
Mas, a história humana dá conta de que, para o ser humano
desenvolver crença, basta ouvir. O que coloca um peso de responsabilidade
incomensurável sobre quem fala.
Tudo, nos diz a Bíblia, nasce da palavra, e, como se comprova
na história, pelas falas a sociedade é construída.
Jesus sabia que os humanos são ávidos por informação. Não
pela informação em si, mas, pelo poder que saber mais do que o outro confere
ao informado. O tal desejo de ser como Deus (Gn 3.5). E todo o que deseja o poder,
se predispõe a cair em ciladas (1Tm 6.9).
Deve ser por isso que Jesus adverte seus alunos a se
acautelarem das doutrinas dos fariseus e dos saduceus. Pois, não dá para
imaginar que tais doutrinas, e tais doutrinadores pudessem competir com os ensinos e a maestria de Jesus.
Jesus, todavia, sabia que o ser humano é corruptível.
Jesus sabia que a má informação, corrompe.
Jesus sabia, também, que a palavra que corrompe é a palavra
que foi corrompida.
Jesus sabia que mesmo a palavra vinda de Deus pode ser
corrompida.
Interessante, os saduceus e os fariseus representavam
extremos da fé judaica. Os saduceus aceitavam parte da Bíblia, os fariseus aceitavam
a Bíblia toda.
Os saduceus enfatizavam as atividades no templo como o cerne da fé; os fariseus enfatizavam o
moralismo como cumprimento da lei.
Ambos, porém, ensinavam o erro. Os saduceus não viram que os sacrifícios
falavam da necessidade do sacrifício definitivo; os fariseus não viram que a
lei apontava para a necessidade de haver um salvador.
No erro os extremos se encontravam, e se tornavam uma coisa
só: informação que corrompe.
Como distinguir que laboravam em erro, se eram, entre si, opostos, de tão distantes e antitéticos?
Eles se encontravam na incapacidade de reconhecer o Cristo,
e de fazer o Cristo reconhecido.
Continua assim: todo ensino que, pretensamente, nascido da
Bíblia, não reconheça o Cristo, que é o sacrifício que nos traz a salvação, e o
esvaziamento e a doação que nos estabelece o padrão para viver, e não aponte o Cristo como o centro da fé, se
tornou informação que corrompe.