Ariovaldo
Ramos
"voz
do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas;" (Mc 1.3)
quem
está no deserto, e que precisa de voz, de porta-voz? Deus!
Deus
mudou de endereço, saiu do templo!
e
Lucas, no capítulo 3.1,2, explica o porquê:
o templo tinha sido corrompido, haviam dois sumo-sacerdotes: Anás e Caifás - o
que é uma contradição de termos.
por
definição, só pode haver 1 sumo-sacerdote.
informa Flávio Josefo (escritor e
historiador judeu que viveu entre 37 e 103 d.C, no livro: "A História dos
Hebreus"), que Anás, esperto e populista, foi, segundo
interesse do império, tornado sumo-sacerdote por Quirino, governador romano da
Síria, em 6 d.c, sendo demovido em 15 d.c por Valério Crato,antecessor de
Pilatos, porém, manteve-se como eminência parda controlando os seus sucessores,
ele
colaborou com os tiranos, e consequiu ser sucedido por cada um de seus cinco
filhos, e por seu genro Caifás, que, como ele, exerceram o sumo sacerdócio a serviço
da tirania.
mas
Deus não participa de conchavos e de venalidades, mesmo que jurem estar fazendo
em nome dele e pela sua causa.
e
Deus saiu do templo e foi para o deserto.
ecoa
aqui a fala do Senhor Jesus: "nem todo o que me diz: Senhor Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está
nos céus." (Mt 7.21)
a
comunidade da fé, que é uma comunidade de sacerdotes, que só tem a Jesus, como
sumo-sacerdote, tem de denunciar a todos os que, dizendo agir em nome do Senhor,
fazem conchavos e praticam a venalidade, atraiçoando a causa da cruz.
eles
estão vazios, como vazio ficou o templo quando Deus mudou de endereço, e tudo
que eles fazem não tem sentido algum, como sem sentido ficaram todos os rituais
do templo, porque Deus não estava mais lá para apreciá-los ou recebê-los.
a
comunidade da fé tem de enfrentar aos impostores, porque eles não têm o amparo
da Trindade.
o
Cristo não poderia andar pelos caminhos que o Israel, de então, tinha para
apresentá-lo ao mundo.
era
o caminho do conchavo com os romanos, com os donos do poder; o caminho da
politicagem, e, mesmo os libertários, estavam em busca de interesses
particulares.
esses
não eram caminhos direitos:
os
zelotes (partido da luta armada contra os invasores) escolheram a violência
contra os invasores; o caminho de Jesus é o da não violência (Mt 5.39).
os
fariseus (partido ortodoxo) escolheram a complacência com os dominadores; o caminho
de Jesus é o da denúncia (Jo 18.22,23).
os
saduceus (partido heterodoxo dos sacerdotes) escolheram a cumplicidade com os
opressores; o caminho de Jesus é o do confronto (Lc 18.31,32).
os
publicanos (colaboracionistas de Roma) escolheram o serviço aos tiranos; o
caminho de Jesus é o do serviço aos oprimidos (Mt 11.2-5), como reação e denúncia
aos pretensos senhores do poder (Mt 20.25).
e
os essênios (partido fundamentalista) escolheram o caminho de fuga,
esconderam-se nas cavernas; o caminho de Jesus é o de iluminar o mundo pela
vida, mensagem e pelas boas obras, e de resistir à perseguição por causa da
justiça (Mt 5.10-16).
aqueles
não eram caminhos direitos, porque não eram caminhos de Deus.
o
salvador não poderia apresentar-se por meio de nenhum daqueles caminhos, se quisesse salvar o mundo (Jo
3.17)
o
messias tem uma mensagem de reconciliação para todos, mas só anda pelo caminho
de Deus; o caminho da Trindade é o de "evangelizar os pobres, proclamar a
libertação aos cativos e restauração de vista aos cegos, de por em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18).