Houve tempo em que os seres humanos se comunicavam pelo som dos tambores e por sinais de fumaça, e havia que se contar com a contribuição do meio ambiente e com um sem número de imponderáveis para que as mensagens fossem recebidas.
Hoje todos são encontrados a qualquer hora e em qualquer lugar. E, mais, tudo está à mão, de tal maneira que um ser humano pode estar em vários lugares ao mesmo tempo. Transmissões “on time” ou em “real time”, todos “on line”. Tudo “on” em todo o tempo.
“Facebook”; “twitter”; “orkut”; “buzz”; “ios4”; “android”; “google”; “yahoo” e assemelhados por todo o mundo: todos disputam a preferência humana e, cada vez mais, com cada vez menos aparelhos, muito mais tarefas são deflagradas, monitoradas, concretizadas. E vem muito mais por aí, mais “gadgets” e maior mobilidade.
Cada vez mais falamos com e através de máquinas, e já tem gente prometendo, para 2045, robôs que decidem por si; mas, infelizmente, essa explosão de relações não é tão verdade quanto ao relacionamento entre humanos.
As pessoas estão cada vez mais distantes entre si, os relacionamentos estão desmoronando, os casamentos não resistem à menor crise, o individualismo ganha proporção geométrica, embora, a privacidade esteja se tornando impossível: como demonstrou o site “wikileaks”, nem os sistemas mais seguros conseguem garantir o privado.
É a época do paradoxo: sem privacidade, mas, com cada vez menos amizade!
Aliás, as personalidades públicas parecem já ter se dado conta de que a privacidade se perdeu, e, então, via “reality shows”, tentam controlar o nível de exposição pessoal.
Em meio a tudo isso é Natal! Data em que se comemora o maior ato relacional de todos os tempos: Deus se fez homem para que os homens pudessem entendê-lo. Em que, também, se comemora, a maior perda de mobilidade em todos os tempos, Deus, que tudo pode, passou a poder apenas no nível do humano, ainda que repleto de fé; Deus que em todos os lugares está, passou a estar, limitado pela física, num só lugar de cada vez. Tudo para se relacionar.
Nesse tempo em que nos comunicamos cada vez mais, para nos relacionarmos cada vez menos, é tempo de pensar no Personagem máximo do Natal, e de lembrar a importância que uma vez foi dada ao relacionamento com e entre os seres humanos.
É Natal para que “twits”, “e-mails” e SMS, não deletem apertos de mão, abraços e beijos. Feliz Natal!©ariovaldoramos